Hoje Emil Jannings é mais lembrado por ter sido o primeiro ganhador do Oscar de Melhor Ator, em 1929. Mas Jannings foi um homem de muitas honras: contracenou com Pola Negri, Marlene Dietrich, Conrad Veidt e Lya De Putti. Foi dirigido por Josef von Sternberg, Ernst Lubitsch, Paul Leni, King Vidor e F. W. Murnau. Chegou a ser considerado o melhor intérprete do mundo. Sua queda foi vertiginosa e muito triste por ter se ligado à pior política do século XX. Mas os verdadeiros fãs do bom cinema saberão apreciar o talento deste homem inconfundível.
Começamos destruindo um mito: Jannings não era alemão. Theodor Friedrich Emil Janenz nasceu na Suíça em 1884. Pouco encontrei sobre sua infância e juventude, a não ser a informação de que seu pai era americano. Aos 30 anos, em 1914, estreou no cinema e em 1918 já estava com Pola Negri e Ernst Lubitsch trabalhando em “Olhos da Múmia”, em que interpreta um árabe vingativo. Sua carreira oscilou entre papéis de vítima e de vilão.
Com “A Última Gargalhada” (1924), F. W. Murnau provou que o bom cinema não dispensava apenas diálogos, mas toda e qualquer palavra. Porque os únicos escritos em quase 90 minutos de projeção são o título do filme, o nome do diretor e do ator principal. É um filme psicodélico e cheio de significado, que parte da simples figura de um porteiro de hotel cuja profissão, única glória e alegria, lhe é tirada.
Fausto, 1926 |
Mas Jannings mereceu o Oscar. Posso ser parcial ao falar isso, porque “A Última Ordem / The Last Command” (1928) é um dos meus filmes mudos favoritos, mas a atuação de Jannings é ESPETACULAR. Uma imagem vale mais que mil palavras, e nem três trilhões de artigos como este seriam suficientes para descrever o real valor deste filme e da atuação de seu protagonista. Um ex-guarda do czar, agora radicado em Hollywood, tem a oportunidade de reviver seu passado ao trabalhar como extra em um filme sobre a Rússia.
Entretanto, Jannings não ganhou o Oscar apenas por sua atuação primorosa em “A Última Ordem”. No primeiro ano do prêmio, a Academia permitiu que a indicação fosse feita considerando o trabalho do ator / atriz em múltiplos filmes do ano anterior. E aqui entra uma curiosidade triste: Jannings é o único ator já indicado ao Oscar cujo filme que lhe valeu a indicação (e a vitória) está perdido. “Tortura da Carne / The Way of All Flesh” (1927). Mas há quem dê esperanças de existir uma cópia dele por aí.
Falando em filmes perdidos, Jannings também foi a estrela de “O Patriota” (1928) foi dirigido por King Vidor e só pelo trailer que sobrou dá para perceber que era maravilhoso. Tomara que seja encontrada alguma cópia dele nos porões de algum lugar do mundo!
A era do cinema mudo acabava e Jannings já colecionava glórias e elogios. Ainda viria seu filme mais famoso, e sua ainda mais famosa derrocada. Com a chegada do som em Hollywood, ele voltou para a Alemanha. Ele e Von Sternberg, diretor de “A Última Ordem”, se reuniram para mais uma obra-prima: “O Anjo Azul”, de 1930, em que Jannings interpreta o professor Rath, que se apaixona pela cantora Lola Lola (Marlene Dietrich), uma femme fatale primitiva.
“O Anjo Azul” foi proibido quando os nazistas chegaram ao poderem 1933. Marlene Dietrich sairia definitivamente da Alemanha. Josef von Sternberg, nascido na Áustria, também não mais pisaria em solo alemão. E aqui Jannings cometeu seu grande erro: seguiu trabalhando para o cinema de propaganda nazista, tendo a seu lado, por exemplo, a ex-esposa de Fritz Lang, Thea von Harbou.
Emil Jannings morreu em 2 de janeiro de 1950. Nunca conseguiu se livrar da mácula que foi ter trabalhado para o Terceiro Reich. Entretanto, seus filmes estão aí para provar que o talento de Emil Jannings foi muito maior que seu maior erro.
This is my first contribution to the 31 Days of Oscar Blogathon, hosted by mighty trio Aurora, Kellee and Paula at Once Upon a Screen, Outspoken & Freckled and Paula’s Cinema Club.
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